Tempos gloriosos estes da era 16 bits... Lançamentos em cima de lançamentos. E boa parte deles se tornaram clássicos. Vários consoles diferentes, faziam com que as empresas envolvidas trabalhassem com mais empenho em cima de suas plataformas e consequentemente nos seus jogos. E em alguns deles, a impressão de que os jogadores tinham, era de que os jogos foram desenvolvidos pessoalmente por Satã. Porque a grande parte do empenho colocado em cima desses jogos era para promover sua dificuldade...
Muitas equipes de desenvolvimento e produção de jogos adotavam a ideia de que "se não está difícil, não está bom". Isso aconteceu porque antigamente, os jogos eram (muito) mais curtos. E para manter o jogador 'ocupado' com seus produtos, as empresas elevavam a dificuldade. Já outras empresas iam por um caminho diferente. E sim, decolavam os games no quesito dificuldade, exigindo muito mais dos jogadores da época. Alguns achavam ruim, outros adoravam. Principalmente aqueles que se gabavam para seus amigos, na hora do intervalo da escola, por ter zerado tal jogo difícil. E também existia os engajados, que tentariam provar que também conseguiam zerar aquele famigerado jogo em questão, e que no final, também tomavam gosto pelo game e sua dificuldade.
Era uma boa estratégia indireta de marketing para a época, já que quem se gabava do jogo estava divulgando-o sem saber. E quem adquiria o jogo para 'provar' que também podia zerá-lo, também adicionava mais números de cópias vendidas dos jogos. No final, todos saíam ganhando.
Bom, nem todos... Aposto que alguns jogadores (ou os pais desses jogadores) investiram uma boa grana em acessórios extras para seus consoles, como controles novos... Pois o estresse que tais jogos causavam era tanto, que quem mais sofria com tudo isso eram os pobres joysticks, que eram arremessados contra a parede, televisão ou qualquer outro tipo de objeto 'descontador de raiva'.
E continuando a leva de jogos sem misericórdia, no Top 10 de hoje você encontrará os dez jogos mais marrentos de se zerar do Super Nintendo. Um console que virou uma lenda incontestável do mundo dos games. Contemplemos o grande 'empenho' que foi posto nesses jogos do passado:
10.º Lugar: Mortal Kombat II
Com lutadores digitalizados, história sombria e golpes extremamente violentos, Mortal Kombat com certeza quebrou tabus na época em que foi lançado. Sua sequência na versão para o SNES dispõe de grande qualidade, tanto gráfica como sonora. E um trunfo a mais: sua dificuldade macabra. Em modos normais derrotar os primeiros kombatentes é tão fácil quanto dizer 'Fatality'.
Mas quando os personagens mais avançados na torre do campeonato de Mortal Kombat dão as caras, fica tão difícil quanto pronunciar 'aquela frase esquisita que o Liu Kang fala quando executa seu Flying Bicycle Kick'.
A dificuldade do jogo parece que muda de brincadeira de criança para espancamento gratuito em dois tempos. Isso sem contar o outro monstrengo de quatro braços que aparece neste game: Kintaro, que está beirando o topo da torre e doido pra te dar uns sopapos. Mas arrisco em afirmar que, se você conseguir passar por esse bicho, Shao Khan vai ser uma piada para você, pois ele fala mais do que bate.
Rocky Rodent é um jogo inusitado e até meio estranho digamos... Certo, o game é uma loucura só. A história gira em torno de um roedor que gosta de encher a pança em restaurantes sem pagar a conta. Certo dia, a filha de um dono de restaurante é sequestrada por mafiosos, e pela promessa de um passe vitalício de 'tudo-o-que-você-puder-comer', Rocky se compromete a salvá-la. Tudo isso em meio a uma cidade bizarra com apartamentos assombrados, comida enlatada que pula, tatus assassinos, caminhões que transportam combustível em chamas etc.
Qualquer toque que essas beldades da criatividade humana te der, você morre. Sorte que Rocky tem ajuda dos power-ups capilares, envolvendo topetes lotados de laquê que lhe serve de chifre como um rinoceronte ou um moicano que ele pode lançar como um bumerangue.
O game é estranho, confuso, difícil... mas é muito legal.
8.º Lugar: Gradius III
Um shooter impressionante! Gradius III foi um dos primeiros jogos a serem lançados para Super Nintendo, e a estreia da Konami no console americano. Com um visual incrível, possibilidade de customização de armas, bosses enormes, música empolgante, Gradius III é uma obra-prima.
Se bem que, o efeito que você mais ouvirá, é o som da sua nave explodindo. Enfiado ao meio de trilhões de inimigos, chefões em sequência e o já manjado estilo 'morte-por-um-tiro', o jogador vira poeira cósmica.
Para se ter uma ideia do que estamos lidando aqui, essa versão de Gradius III foi adaptada da versão de Arcade, que pouco tempo depois de lançada, teve seu recall executado e recolheram todas as máquinas deste game, pois ele ra extremamente difícil. O game da Konami virou um mero 'caça-níquel', digamos assim.
7.º Lugar: Earthworm Jim 2
Maluquice total é o que pode definir esse jogo. Quando você, por algum acaso, jogar Earthworm Jim 2, esteja preparado pra uma longa dose de insanidade. Do tipo: vacas falantes, pântanos esquisitos, crianças enterradas e sendo carregadas por formigas mutantes, e mais outras coisas corriqueiras.
Você na maior parte do tempo vai se perder diante do labirinto desordenado que são as fases. Sofrer dano dos inimigos que aparecem do além e cair em armadilhas bem fora do comum...
Sinceramente, tem horas que você fica em dúvida se isso é realmente um jogo ou só uma representação de uma viagem de LSD da equipe desenvolvedora.
PS: Alguém me explica aquela fase que você tem que ficar salvando filhotinhos de cachorro, que estão sendo lançados pela janela, para sua morte pelo vilão Psy-Crow. E quando eles caem, viram apenas um monte de gosma no chão, e se você deixar cair muitos deles, Peter Puppy que está do outro lado salvando os cachorrinhos, se transforma num monstro e passa a malhar Jim incessantemente?
Clássico dos shooters em primeira pessoa, Doom com certeza foi um marco histórico no mundo dos games. Com recursos até hoje utilizados em jogos do gênero, Doom era sinônimo de qualidade com aquele ar sombrio e criaturas horrendas. Era e ainda é um dos títulos mais queridos pelos jogadores. Tanta era sua popularidade, que Doom não se limitou apenas aos PCs, o game também teve várias adaptações para consoles, e uma delas veio parar no Super Nintendo e nessa lista.
Mas com as limitações do hardware de 16-bits da Nintendo, Doom é meio confuso de se jogar. Tanto pela baixa resolução, que você provavelmente só irá ver os inimigos quando eles estiverem com você na mira! Ou pior: você vai sofrer muito dano antes mesmo de encará-los.
E o grande 'X' da questão aqui são os inimigos. Bolas de fogo, inimigos armados e em grupos, os jogadores sofrem aqui e não é pouco. Com seus controles meio 'travadões', inimigos bombados, armadilhas nas fases e tudo que o inferno pode lhe oferecer: Doom fica com essa posição aqui.
5.º Lugar: Castlevania Dracula X
E novamente temos um Castlevania na nossa lista de jogos desafiadores. Castlevania Dracula X, nada mais é que um port de Castlevania: Rondo of Blood, para PC-Engine Super CD, que trazia Richter Belmont como protagonista, em sua jornada para derrotar o conde Drácula.
Dessa vez, o movimento maléfico que mata mais do que o próprio Drácula está de volta e com força total: o impulso para trás ao ser atingido. Já era de se esperar, pois estamos falando de um Castlevania da série clássica. Mas aqui há um porém: se Richter for atingido enquanto estiver abaixado, ele não dará esse impulso (Glória!).
Se você perceber que está próximo de um precipício e que o dano a seguir de um monstro ou de um projétil seja iminente, abaixe. Melhor que tome parte de sua vida, do que ela inteira, não é mesmo? Bom, se bem que aqui não faz diferença, pois os inimigos estão prontos para te atacar em pontos cegos e te cercar. Mesmo com movimentos bobos como os das Medusa Heads para te iludir e fazer seu esforço ser perdido.
Os movimento de Richter também não ajudam muito. Neste jogo, ele parece muito 'travadão' e às vezes, quando você vai calcular um pulo para outra plataforma, bom, não sai como planejado...
Também é válido mencionar os 'buracos-surpresa', que aparecem no meio do caminho. Quando os olhamos de relance e nem damos bola e pensamos que é um caminho normal (pois o visual mostra assim). Mas quando percebemos, já é tarde demais.
"Death to you! This world is not yours to exist in!" - Richter Belmont
4.º Lugar: Demon's Crest
Sabe aquele pequeno demônio chato, chamado Firebrand, que vimos em Ghouls n' Ghosts, que quase sempre acertava os jogadores? Então, ele influenciou tanto a Capcom, que a empresa produziu um jogo com o demônio sendo o protagonista. E o game é excelente. Demon's Crest te põe no absoluto controle sobre seu personagem, que possui uma gama decente de habilidades. O game possui elementos de RPG, visual estonteante e o que a série mais sádica da Capcom possui: o fator 'replay obrigatório'.
E aqui, novamente a história se repete. Quer ver o final verdadeiro e zerar o game de verdade? Jogue o game inteiro duas vezes! Só que dessa vez, a situação está ao nosso favor: podemos utilizar as habilidades adquiridas na rodada anterior do jogo, nessa nova jornada. Mas a dificuldade aqui, não deixa a desejar: ela vai testar você em variados modos.
Com aquela onda clássica de inimigos que renascem aos montes, projéteis para todo lado, e um 'tutorial' digamos assim, bem inusitado.
3.º Lugar: Contra III: The Alien Wars
A guerra contra os alienígenas chega ao seu ápice supremo nesse jogo. Muitos consideram esse como sendo o Contra mais difícil da série. E faz sentido.
Contra III mostra que o que tem de ação também tem de dificuldade. Para começar: o bom e velho 'morte-com-um-tiro' volta aqui com força total e forçando os jogadores a voltar constantemente nas fases onde morreu. Seja por erros dele ou por pura 'apelação' por parte dos inimigos.
E neste game parece que os inimigos brotam do chão! Basta esperar 1 segundo em uma parte que não contém nenhum inimigo, ou que você já tenha derrotado. Vão aparecer mais e mais soldados te perseguindo, para te dar aquele 'toquezinho maroto', fazendo você perder uma vida. E cada vida conta muito aqui, pois o jogo te dá poucos continues. E uma vez que os continues são esgotados... Bem, acho que todos nós já sabemos o que nos espera.
Contra III é realmente um jogo muito bom, cheio de ação, temas empolgantes e visual bem detalhado. Vale o esforço e o estresse (mas bem que podiam retirar aquela fase de vista superior, não é verdade?).
2.º Lugar: Battletoads in Battlemaniacs
A pérola da pancadaria da Rare. Battlemaniacs revive com fidelidade o gosto infernal da dificuldade dos seus antecessores. A primeira fase do jogo já diz bastante do que está por vir, tanto pelo seu visual como pelas ações... Basicamente: um inferno!
Com bestas, esqueletos e pontes desmoronantes, todos estão preparados para arrancar cada traço de vida dos jogadores. Os controles aqui são a chave. Ao invés de ajudar, o controles aqui atrapalham, na maioria do tempo.
Por exemplo: um trecho onde você acabou de passar por uma ponte que caiu. Na ponta, há um inimigo a sua espera. Você vai enfrentá-lo. Mas o espaço disponível depois da ponte é muito pequeno, e por causa do movimento que os personagens realizam (quando dão seu golpe final), eles irão avançar um pouco na plataforma. E acontecendo isso, você vai ganhar uma queda livre e perder uma vida. Se você ficar do lado contrário, vai ser estranho para bater no inimigo, e você vai acabar sendo espancado antes mesmo de conseguir fazer alguma coisa.
Neste Battletoads, os inimigos são bem roubados também. Seguindo em grupos e cercando o jogador. Até mesmo quando você pensa que pegou mais de um inimigo, no mesmo sentido, e que você vai desferir um combo para finalizá-lo (por obra do destino), sempre tem um ou dois inimigos que quebram o seu combo e em sequência te lançam uma barragem de golpes.
Precisa ser bem maníaco para conseguir dominar esse jogo completamente.
1.º Lugar: ActRaiser 2
E chegamos ao final desse Top 10, com um dos jogos mais brutais jogos de Super Nintendo já feitos. Focado mais na ação do que seu antecessor, ActRaiser 2 vai por você no chão, com sua dificuldade insana.
Só a trilha sonora já parece uma marcha fúnebre. Parece que os desenvolvedores já estavam sabendo onde isso ia dar. Seu personagem ser um deus, realmente não ajuda em muita coisa aqui. Basta alguns toques ou ataques para o mesmo ser derrotado. Mesmo não contendo uma horda insana de inimigos, ActRaiser 2 foca em dar um boost em qualidade de ataque a eles. Alguns ataques podem parecer fracos à primeira vista. Mas, ao ser atingido por eles, veremos que a história é bem diferente...
As armadilhas são constantes, e se você não prestar bastante atenção no cenário, você perderá seu progresso facilmente! Ao que parece, os perigos no cenário são os maiores causadores de dano e mortes do jogo.
Os controles também não ajudam muito. Tudo bem. Você pode dar dois pulos e planar no segundo pulo, mas se você não controlar essa ação corretamente, vai sofrer as consequências. Por exemplo: em plataformas pequenas, o jogador deve avançar e embaixo delas, existem armadilhas ou perigos. Se por um acaso, o teu personagem cair em uma dessas armadilhas e tentar se recuperar, usando os pulos e planar, um cálculo mal feito pode levar a uma morte bem mais rápida.
Com variadas fases e inimigos, perigos iminentes, bosses bem desenhados e um desafio extremo, ActRaiser fica com esse lugar de destaque aqui nesta lista.
Mesmo estes jogos não sendo tão difíceis como os jogos do seu hardware antecessor da Nintendo, o NES, o Super Nintendo com certeza dispõe de uma imensa gama de jogos, e muitos deles de extrema dificuldade. Mas como cada caso é um caso, alguns jogadores podem achar certos títulos desta lista fáceis de se jogar, assim como outros acham os mesmos títulos impossíveis. A questão é que esses jogos acima citados, vão estar sempre em listas desse tipo. E sempre vai ter alguém, seja seu amigo ou seu vizinho, que vai se gabar dizendo que já zerou. Mostre a ele que você também consegue: jogue bastante, desenvolva, treine sua coordenação. É isso o que importa e o que é mais cobrado nesses jogos. Espalhe a cultura dos jogos antigos por aí! Conte para nós! Quais jogos você considera difíceis para SNES, e quais você zerou? Longa vida aos clássicos!